Uma decepção infinita.
Lançado em 2011,
Marvel vs Capcom 3 marcava o mundo dos games com a mudança completa do maior
crossover de luta dos games, desde os gráficos que de sprites 2D foram a moldes
3D, cenários bem detalhados e repletos de referências aos jogos e quadrinhos de
ambas as franquias até o mais polêmico, a jogabilidade que mudou de três botões
para soco e chute para algo mais simplificado e amigável para novos jogadores.O ápice da série foi alcançado na geração passada |
Grande parte do
elenco do terceiro game é reaproveitado no jogo, com apenas algumas mudanças de
texturas e atualizações nas medidas. Enquanto temos algumas novidades como X da
série Megaman X, Jedah da série Darkstalkers do lado da Capcom e, Gamora dos
Guardiões da Galáxia e Ultron entram do lado da Marvel.
Os gráficos são
feios, não para um jogo de 2017, mas sim para um jogo de uma série consagrada
pela sua qualidade e detalhes nos personagens e cenários. Temos alguns
personagens muito bem renderizados e cheios de detalhes, enquanto temos cenários
malfeitos e sem carisma, fazendo pouco jus ao nome da série. Os menus são
simples e parecem mais de um jogo Mugen - uma espécie de ferramenta de criação
de jogos de luta para computador, onde você pode usar assets, personagens,
fontes, jogabilidade, de outras séries para criar um jogo novo -, mal feito do
que de um jogo AAA.
Personagens clássicos se juntam a alguns personagens muito solicitados pelos fãs |
A jogabilidade está
mais simplificada que qualquer outro jogo da série, sendo necessário apenas
ficar apertando um botão para criar um combo, porém, com a disponibilidade de
criar ramificações de combos diferentes. Ela se torna interessante e divertida,
uma decisão com certeza pensada no equilíbrio da jogatina competitiva e nos novos
jogadores. A maioria dos personagens, que retornaram para a série, ganharam
variações dos golpes com adição ou remoção de alguns detalhes para melhor se
enquadrar no novo esquema de jogabilidade. Sobre os novos personagens, seus
golpes são de acordo com a sua proposta e não decepcionam, contudo, por terem
sido criados do zero ainda precisam de um melhor balanceamento.
O game traz de volta
o formato de dois jogadores para cada jogador, alegando que as gemas do
infinito, que retornam como parte crítica de gameplay e história, trazem um
balanceamento natural para a jogabilidade geral.
A grande novidade é o
modo história que traz Ultron fundido a Sigma, se auto intitulado de
Ultron-Sigma (tcharam!), e com duas gemas do infinito: realidade e espaço,
fundem os universos Marvel e Capcom, criando lugares completamente novos.
Explicando por exemplo, como o cenário que seria de Megaman X, que está com
várias faixas arco-íris e estátuas de guerreiros asgardianos no meio da
paisagem urbana.
Gráficos platinados demais, jogabilidade simplificada ao extremo e um hub feito nas coxas é o resultado do milkshake chamado Marvel vs Capcom Infinite |
Resta então aos
Vingadores, com a ajuda de alguns heróis da Capcom, encontrar um meio de
equilibrar o jogo encontrando as gemas do infinito, que ainda não estão em
posse do vilão, para derrotá-lo e enfim trazer a paz, além de reverter a fusão
dos universos.
A premissa é interessante,
porém, falha miseravelmente na sua execução.
Se os gráficos já
são, no mínimo, decepcionantes para um jogo da série, as cenas de história e
interação são piores ainda, aliadas à falha no sincronismo da dublagem (alguns
personagens sequer mexem a boca quando falam) e a sensação é que o jogo foi
feito da noite para o dia, com o roteiro feito por qualquer um, menos um
roteirista capacitado para o tal.
Em alguns pontos, as
falas são ridículas, chegando ao ponto de dar vergonha de tão pastelões que
são. A única motivação para continuar a assisti-las é saber qual herói se
juntará ao time ou qual easter egg irão colocar na cena.
Alguns pontos da
narrativa são interessantes e valem a pena, no entanto, são poucas as ocasiões
que as cenas não são desperdiçadas com os diálogos rasos e bobos, que só tem o
propósito de ser fã-service ou só para gastar tempo.
O modo versus é muito
bom, proporcionando boas horas de diversão, contudo, com a limitação de
personagens o que acaba se tornando enjoativo em poucas horas. A Capcom, como
sempre, traz personagens de DLC, que incluem: Venom e Sigma, além de outros.
Isso acaba dando a impressão, mais uma vez, que o jogo foi lançado de forma
quebrada, com o conteúdo incompleto.
O modo história é risível mesmo para os padrões da série, chega a dar saudade das imagens paradas com textos de explicação |
A maior polêmica de
Marvel vs Capcom Infinite é a ausência de personagens clássicos da Marvel, como
Wolverine, X-23, Cyclope e outros X-Men, que marcaram outros jogos da franquia.
O motivo seria uma exigência da Marvel por não possuir os direitos dos
personagens no cinema, para assim abafar e inutilizar as imagens dos mutantes a
todo custo.
Um jogo que tinha
tudo para ser um grande título da série acaba por se tornar o mais dispensável
com gráficos feios, história mal escrita, diálogos bobocas e sem personagens
clássicos da franquia. Apenas tendo boa jogabilidade para salva-lo.
Recomendo a todos que
queiram um bom crossover da série, Marvel vc Capcom 2 para Dreamcast, que é o
mais próximo da experiência plena de um arcade em um console de mesa, já não foi desta
vez que vamos nos esbaldar com a porradaria fantástica com prazer.
À esquerda o que a Capcom achou que os fãs aceitariam como os gráficos do jogo. À direita, o refinamento dado a uma das personagens mais queridas dos games após protestos dos fãs. |
04/10